1 de outubro de 2014

A Medeira e o Presidente, por Alain Mouzat

O homem pode ser uma devastação para uma mulher, enquanto a mulher é o sintoma para o homem

A França está em pleno rebuliço: foi lançado, na semana passada, o livro da ex-companheira do atual presidente da república. Imagine só! A mulher traída se vinga do homem contando a intimidade de oito anos de convivência. Claro, o homem não fica muito engrandecido com esse torpedo que já vendeu uns 200.000 exemplares. Claro, sendo o homem também presidente da República, a vingança atinge também a função. Medeia, dizem uns. Bem feito!, diz outra. O fato é: todos leram. 

O casal ilustra o que Lacan dizia: o homem pode ser uma devastação para uma mulher, enquanto a mulher é o sintoma para o homem. A reação da moça, ao saber pela imprensa que seu augusto amante a traía com outra, não deixa dúvidas: indo parar no hospital depois de uma crise de mágoas, amadurecendo sua vingança para publicá-la em período de baixa popularidade do seu ex-companheiro, ela expõe suficientemente a devastação que a habita. 

Ele já tinha avisado: seria um presidente longe da promiscuidade mediática do seu antecessor, longe das exuberâncias sexuais de outro futuro ex-candidato, um presidente “normal”. Prometeu e cumpriu. Foi pego de lambreta e capacete indo visitar a nova amante. Não precisava dar tantas marcas de “normalidade”.  A cota de popularidade já bem baixa não subiu com o feito.

Os franceses lamentam que o “normal” das relações homem e mulheres tenha feito uma mancha na função de representante eleito da Nação.  Lamentam mesmo? O livro está esgotado.

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