25 de agosto de 2011

GPS off road - n. 3



GPS off road – Boletim da XVI Jornada da EBP-MG – n. 3

Primeiras ressonâncias

É significativo o número de trabalhos enviados para a apreciação da Comissão Científica da XVI Jornada da EBP-MG. Contando aqueles cujos colegas sinalizaram para Lúcia Grossi que precisariam de mais um pouco de tempo, já chegamos a 37 textos, provenientes de Membros da EBP (residentes ou não em Belo Horizonte), Aderentes da EBP-MG e participantes da comunidade de interesse da nossa Seção e do Instituto de Psicanálise e Saúde Mental de Minas Gerais (IPSM-MG). Poderemos de fato acolher, para apresentação, cerca de 27. A Comissão Científica já começou a trabalhar e, em torno da segunda semana de setembro, iniciará uma correspondência com aqueles definidos para a apresentação, visando aprimorar o que foi produzido até este momento.

Outra ressonância vem de Membros da Escola Brasileira de Psicanálise que residem aqui ou pertencem a outras Seções e a uma Delegação: são congratulações pelo modo como a XVI Jornada da EBP-MG vem sendo preparada. Três, assinadas por Antonio Beneti, Cassandra Dias Farias e Ana Lúcia Lutterbach-Holck, chegaram diretamente a meu e-mail pessoal. Uma terceira, na forma de post, redigida por Marcelo Veras como um comentário no blog. Criado para recolher contribuições relativas ao tema desse evento, desejamos que esse blog recebesse mais comentários e posts – tomara, então, que a iniciativa de Marcelo Veras faça série.

Após uma primeira mensagem, Cassandra Dias Farias volta a me escrever dizendo que tentou postar um comentário no blog e não conseguiu. Pedi-lhe, então, que pudesse me enviá-lo. Trata-se de ressonâncias produzidas pelo texto de Elisa Alvarenga, apresentado no último Seminário Preparatório. Elas me pareceram tão oportuno que decidi inclui-lo logo abaixo. Destaco, dessa ressonância, duas referências:

1) O modo como Cassandra Dias articula o tema da Jornada da EBP-MG àquele da Jornada da Delegação Paraíba, demonstrando-nos como, nesses dois diferentes lugares do Brasil, uma mesma orientação se faz, visando ao próximo Congresso da Associação Mundial de Psicanálise.

2) A perspectiva da nomeação poder ser um semblante. No número 2 deste GPS off road, lancei, como proposta de investigação, a possibilidade de a nomeação – sintomática ou sinthomática – apresentar-se por ocasião das “casualidades do real”, ou seja, de ser uma espécie de marca dessa casualidade, podendo tomar formas bem diferentes umas das outras. Cassandra Dias Farias, com essa articulação nomeação-semblante, apresentar-nos-ia outro viés de investigação? Ou também poderíamos averiguar – mantendo ainda minha proposta – se tal articulação evocada por Cassandra caberia mais às nomeações que, como indicava Elisa Alvarenga, interpretam um modo de gozo sustentado por uma fantasia e, assim, são diferentes daquelas que apresentam-nos um novo modo de “viver a pulsão” e que seria menos permeável pelo que fosse semblante.

Sérgio Laia – Coordenador da XVI Jornada da EBP-MG

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UM COMENTÁRIO AO TEXTO DE ELISA ALVARENGA (“DA PULSÃO À TRANSFERÊNCIA E RETORNO”)

Cassandra Dias Farias

O texto de Elisa Alvarenga, apresentado no Seminário preparatório à Jornada da EBP-MG, me causou um especial interesse. Várias questões abordadas por ela ressoam em mim, talvez por desenvolverem, de maneira muito interessante, dois temas que se entrecruzam e que também se encontram no centro do trabalho da Paraíba nesse momento: a nova ordem simbólica e o sintoma. Acrescente-se, ainda, também no texto de Elisa, o estatuto da nomeação e suas consequências para o sujeito. As situações clínicas abordadas permitem que se discuta e se vislumbre como a incidência do desejo e da leitura do analista pode intervir, de fato, no circuito pulsional e introduzir o sujeito em uma nova relação com a linguagem.

Se partirmos do paradoxo de que não há ordem simbólica, como nos aponta Laurent em sua conferência “A ordem simbólica no século XXI. Conseqüências para a cura”, publicada em Papers 1, se o simbólico é sempre deficitário em sua relação com o real, os sujeitos arranjam-se como podem. Esse furo estrutural no simbólico garante a aderência do sujeito aos nomes e às palavras e, ao mesmo tempo, o escoamento infinito dos significantes, inviabilizando o caráter definitivo das significações, como na imagem do tonel das Danaides. O discurso do analista se vale exatamente desse furo para continuar operando.

A primeira situação clínica comentada por Elisa traz a demonstração in loco do quanto a pregnância do imaginário está presente na posição subjetiva contemporânea frente ao real sem lei e à precariedade simbólica que se volta contra o próprio sujeito, que toma para si apenas a porção da ordem de ferro do supereu. Se, por um lado, “Cofre de ruindade” toca o que há de mais íntimo da pulsão, por outro, abala essa própria nomeação, estremecendo algo do cinismo e da felicidade, possibilitando que o jovem infrator escutado por Ana Lydia Santiago peça, em um segundo tempo, para falar novamente.

Uma prática com a palavra, com a construção de um sintoma que possibilita entradas e também saídas da experiência analítica é o que nos demonstra o trabalho dos AEs (Analistas da Escola), em particular, o de Silvia Salman, também comentado por Elisa. Após um trajeto pelo real de lalíngua (“lalangue”), pelo choque da linguagem sobre o corpo, Silvia Salman indica-nos “uma disponibilidade da libido que só se alcança quando se pôde desinvestir os circuitos fixos por onde a pulsão fazia seu trajeto” (Cf. “O avesso do amor” publicado na Correio, n. 68).

Portanto, cabe pensar o seguinte: se os falantes se arranjam como podem frente ao real de lalíngua e ao impossível de uma ordem simbólica, o psicanalista, seja em qual circunstância for, poderá fazer um bom uso do semblante da língua e do próprio simbólico na tentativa de furar a pregnância imaginária, utilizando os significantes da sua época, intervindo na discórdia das linguagens e mantendo-se em contato com as novas práticas discursivas. Em outras palavras, se vivemos uma crise do saber, se não podemos esperar nem exigir uma eficácia simbólica nos sujeitos contemporâneos, não cabe ao psicanalista desistir desse recurso à palavra. É o que nos demonstra a entrevista com o jovem infrator. Ao utilizar-se da nomeação como semblante, o analista abala a defesa, promove o trauma e favorece uma abertura ainda que mínima e precária para o amor como condição ao saber.

AVISO 1:

Se você pode ajudar-nos a divulgar a XVI Jornada da EBP-MG, entre em contato com Cristina Nogueira, Coordenadora da Equipe de Divulgação:

cristina.pinelli@hotmail.com

Desta vez, fizemos um número maior de folders, para que possamos distribuí-los mais amplamente, visando sobretudo àqueles potencialmente interessados em se inscrever nesse evento.

AVISO 2:

No dia 1º de setembro, às 20h30min, na sede da EBP-MG, teremos outro Seminário Preparatório. Desta vez, Lilany Viera Pacheco vai falar sobre:

“As inibições e os limites da elaboração na clínica psicanalítica de hoje”.

AVISO 3:

Participem do FACEBOOK e do BLOG da XVI Jornada da EBP-MG ou tornem-se seguidores desse evento no TWITTER:

http://www.facebook.com/jornadas.ebpmg

http://jornadaebpmg.blogspot.com/

http://twitter.com/#!/XVIJORNADAEBPMG

AVISO 3:

off road continuará circulando, até a data da XVI Jornada da EBP-MG (28 e 29 de outubro de 2011). Enviem suas contribuições, sempre curtas, para laia.bhe@terra.com.br

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